Fisioterapia Brasil

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tração não traz benefícios para a lombar segundo a Cochrane


A tração lombar mantida ou intermitente geralmente aplicada por máquinas ou aparatos foi muito utilizada na década de 70 e 80 no tratamento das dores lombares, ciáticas e "herniações do disco". O efeito suposto da técnica é reduzir a herniação do disco e aumentar os espaços foraminais ou do canal vertebral, aliviando assim a pressão sobre estruturas que causam geralmente a dor lombar. A partir da década de 90, entretanto, seu uso foi diminuído pois pesquisas mostraram que estes efeitos mecânicos só estavam presentes na hora da tração e não permaneciam após seu uso e também porque houve uma mudança de enfoque no tratamento de problemas lombares que passsou a considerar não apenas a deformação do disco, mas a função da coluna, controle motor e aspectos psico-sociais.   

Uma revisão recente na literatura parece confirmar os efeitos pobres da tração na coluna. Foi publicada recentemente pela Cochrane Collaboration (http://www.cochrane.org/)., uma organização renomada internacional, independente e sem fins lucrativos que têm colaboração de instituições científicas na área de saúde de mais  de 100 países. Nesta revisão de título "Tração para dor lombar com ou sem ciática", foram incluídos 25 melhores estudos somando no total 2206 pacientes e a conclusão é  que "os resultados destes estudos envolvendo tanto pacientes com dor lombar aguda, sub-aguda ou crônica e pacientes com ciática ou sem foram consistentes indicando que a tração contínua ou intermitente não é um tratamento eficaz para estas condições".

Segue abaixo o resumo em português destes publicação e o original pode ser acessado clicandoaqui.

Sumário

A tração é usada para tratar a dor lombar, frequentemente com outros tratamentos.

Objetivos

Para determinar a eficácia da tração, comparada aos tratamentos de referência, ao placebo, à tração “falsa” ou ao nenhum tratamento para a dor lombar.

Estratégia de busca

Nós procuraramos CENTRAL (The Cochrane Library 2006, edição 4), MEDLINE, EMBASE, e CINAHL até outubro de 2006, referências em revisões relevantes e arquivos pessoais.

Critérios de seleção

Estudos controlados randomisados que envolveram a tração para tratar (mais de 12 semanas) a dor lombar não específica aguda (uma duração de menos de quatro semanas), sub-aguda (quatro a 12 semanas) ou crônica com ou sem a ciática.

Levantamento de dados e análise

Os estudos, avaliação de qualidade metodológica e a extração de dados foi feita independente por dois autores. Já que havia dados insuficientes para a associação estatística, nós executamos uma análise qualitativa.
Nós incluímos 25 ERC (2206 pacientes; 1045 trações de recepção). Cinco experimentações foram consideradas de alta qualidade.

Para estes pacientes há:

- evidência forte de nenhuma diferença estatistica significativa nos resultados entre a tração como um único tratamento e o placebo, a tração “falsa” ou nenhum tratamento;
- evidência moderada que a tração como um único tratamento não é mais eficaz do que outros tratamentos;
- evidência limitada de nenhuma diferença significativa nos resultados entre um programa padrão da fisioterapia com ou sem tração contínua.

Ainda há evidências conflitantes no que se refere a:

- autotração comparada ao placebo, a tração “falsa” ou a nenhum tratamento;
- outras formas de tração comparadas a outros tratamentos;
- formas diferentes de tração.

Conclusões dos autores e Implicações para a prática
Os resultados dos estudos disponíveis que envolvem grupos misturados de pacientes agudos, sub-agudos e crônicos com a dor lombar com e sem a ciática eram completamente consistentes, indicando que a tração contínua ou intermitente como um único tratamento para a dor lombar não é provavelmente eficaz para este grupo. A tração para pacientes com ciática também não pode ser considerada eficaz tampouco, devido aos resultados incompatíveis e aos problemas metodológicos na maioria dos estudos.
Implicações para a pesquisa

Toda a pesquisa futura sobre a tração para pacientes com dor lombar deve distinguir entre o padrão sintomático e a duração, e deve ser realizada de acordo com os padrões metodológicos mais elevados.

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